Uma rosa para Dilma
A presidenta teve acertos e erros, como todos os seres humanos, mas sua honestidade é reconhecida por amigos e adversários como ímpar. Como liderança de um país ninguém quer contabilizar erros e o que se espera é o somatório dos acertos, mas o jogo político e econômico é marcado por altos e baixos e o que define sobre quem fica ou sai é a base que constrói ao longo do tempo. Se esta base política faltou a presidenta, não tem faltado manifestações de carinho e até gestos de quem está, aos poucos, recobrando uma certa lucidez.
Givaldo Barbosa / Agência O Globo |
Infelizmente os ativos eram podres e o que foi um dia à sustentação do governo virou um teatro de bizarrices com deputados traindo a presidenta em nome de Deus, dos filhos, dos netos e da família. Os interesses privados sobrepôs, mais uma vez, aos interesses públicos e o clientelismo e o voto de cabresto foi exposto como uma ferida aberta e fétida de nossa estrutura política alimentada por um congresso que reproduz vícios de cima para baixo e de baixo para cima.
Jornal de Brasilia.com.br |
Passado o calor do golpe midiático vejo crescer o número de pessoas que agora reconhecem o exagero da flagelação que fizeram com a senhora presidenta e cresce o número de cidadãos que a reconhecem como uma mulher digna e guerreira.
Queria está em Brasília é dividir o ato de carinho e consideração e dar-lhe uma rosa vermelha.
Vejo muitos amigos preocupados em amparar e dar força para esta presidenta que é um exemplo para muitos homens que não conseguem manter princípios éticos, como ela o faz.
Tenho a impressão que cresce um tipo de esperança saudosista no qual um número maior de pessoas que julgaram, xingaram, falaram mentiras, tiveram raiva e ódio, sem saber o que estavam fazendo, caiam em si sobre a violenta e brutal discórdia que alimentaram no país.
Ontem um professor amigo, que era a favor do golpe contra a Dilma falou-me:
“Prates acho que defendi uma causa errada.
O Eduardo Cunha quer se livrar da cassação e já mobilizou os deputados para conseguir um perdão para seus crimes e continuar como presidente do congresso.
O Temer está negociando o fim das investigação e vai trazer o Armínio Fraga, que defende o congelamento de salário do setor privado e público. Hoje vi que o programa do PMDB, Ponte para o Futuro, fala em muitos cortes para às áreas sociais e educação…”
Enquanto o meu colega falava, eu observava… Pareceria eu falando semana passada. Para ele a ficha caiu após o fim do lisérgico midiático. Para muitos, quando os “cortes na carne” começar a sangrar os limites do consumismo alimentado ao longo destes doze anos, talvez se coloquem na posição de negação ao que apoiaram.
Tenho esperança que muitos e muitos cidadãos comecem a retomar o estado de consciência mediano que molda o comportamento das sociedades.
A imprensa internacional se pergunta porquê do Golpe e faz escárnio da imagem do congresso nacional e se perguntam como o país entrou em tal estado de transe para deixar que criminosos com passagem pela polícia e outros respondendo a processos por corrupção afastaram uma presidenta sem qualquer prova ou justificativa plausível.
Analistas estão levantando os crimes dos parlamentares que falaram em nome de Deus e da honestidade. Alguns apontam que mais de 70% dos deputados que falaram SIM respondem por algum tipo de ato ilícito, em alguma das esferas da gestão pública (municipal, estadual e federal).
O levantamento está sendo realizado e, em breve, sairemos com o mapa dos desonestos que falaram em nome de um Brasil sem corrupção.
Por outro lado, a irresponsabilidade do chefe do congresso e a sanha pelo poder, o fez prender a pauta do governo. Não se vota nada e o país segue acumulando problemas. A fatura que será entregue à sociedade tem origem neste encilhamento em que a rapinagem do congresso colocou o governo.
O Senador Renan Calheiros e suas contradições pessoais, que agora sofre pressão de todos os lados, têm lastros de vestígios de pouca probidade arquivados pelo delinquente que preside o congresso. Calheiros segue em banho maria esta semana de feriado e sinaliza que entregará a cabeça da guerreira aos líderes dos partidos na semana que vem. Renan quer lavar as mãos e deixar para os senadores a decisão. Chamou o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski para garantir a legitimidade dos passos seguintes.
Os próximos passos serão suaves e, como o FUNK da moda, se mostram tranquilos e favoráveis para parte dos representantes do congresso ligados aos interesses da terceirização, da bancada da bala, dos transgênicos, dos grileiros e ruralistas e tantos outros que falam em nome de Deus, da FIESP, do empresariado que sonha com a quebra de leis trabalho, com o fim seguridade e de muitos direitos dos cidadãos. Segue a barca que conduzirá a destituição da presidenta e as altas faturas a serem pagas pela sociedade.
No entanto, ainda tenho esperança que os efeitos do chá lisérgico e midiático tomando por parte de nossa nação passe logo e que muitos recobrem a oblíqua consciência mediana.
Enquanto isso não ocorre, flores a Dilma.
Enquanto isso não ocorre, flores a Dilma.
Nossos filhos lerão nos livros de história com a mesma decepção que lemos sobre 1964!
Muito bom professor!